CRÍTICA | GLADIADOR II

Em nome do entretenimento, Gladiador II não mede esforços para alcançar a loucura acessível, e não há nada melhor que isso

São 24 anos que separam os longas de Ridley Scott um do outro, e de uma forma estranha, ambos se complementam mas se distanciam pela escala. Após anos em um inferno de desenvolvimento, o novo longa que se debruça sobre o que ficou em Roma após a morte de Maximus (Russell Crowe) na arena, e quais são os elos que ligam o passado e o presente dessa narrativa que foi vencedora do Oscar. Posso dizer que pelo bem do cinema, Scott volta a acertar, e sou muito grato por isso.

Na trama que chega às telonas, temos Lucius (Paul Mescal) filho do antigo general que virou gladiador, e que agora se vê longe de Roma, suas políticas e corte devassas, mas que de uma certa forma não consegue escapar de suas conquistas militares. Agora um forasteiro que vive uma vida normal na Numídia ao lado da esposa, ele acaba sendo capturado em mais uma das incursões do império, dessa vez liderado pelo comandante Marcus Acacius (Pedro Pascal). Comprado pelo mercador Macrinus (Denzel Washington), Lucius tentará esconder seu passado enquanto busca vingança e a destruição dessa Roma.

No geral, Gladiador II esbanja seu orçamento com maestria. Temos visuais limpos e estonteantes para alegria daqueles que estavam achando as últimas composições do diretor um tanto apagadas e sem vida. Aqui, Roma ganha vida com magnitude e presença, como se fosse mais um personagem dentro desse dramalhão convincente ao qual o roteirista David Scarpa caprichou em construir. Não que seja uma obra prima, longe disso, mas como uma obra que bebe de uma velha escola do épico, esse longa de ação demonstra destreza e pureza em se reconhecer como ficção banal da mais alta qualidade.

Mesmo que alguns dilemas nessa construção sejam impostos, não se pode exigir muito dado o grau de riscos financeiros  envolvidos aqui, Scott volta a redescobrir seus talentos como diretor ao mesmo tempo em que utiliza tudo que tem a sua disposição para concretizar uma obra começada por ele, sejam nas lutas épicas na arena ou aos conceitos do enredo onde deixar os atores se guiarem por seus instintos, e nisso, é Denzel quem acaba se sobressaindo no elenco por estar completamente entorpecido de carisma. 

O ator, que acredito que receberá uma indicação ao Oscar por Melhor Ator Coadjuvante, esbanja solidez no seu personagem ambíguo e cativante, que rouba a cena em cada momento que aparece, e isso é um deleite completo. Seria injusto falar em utilização de algum outro componente quando todos cumprem seus papéis com dignidade, ainda que seja Mesca o centro desse conflito sobre vingança e redenção. Mas assim como na arena, deixe os deuses decidirem, e neste caso, são os telespectadores que terão esse papel.

Nota do crítico: 

Título: Gladiador II

Duração: 2h30min

Gênero: Ação, Drama, Épico

Onde Assistir: Cinemas

Sinopse: Anos após testemunhar a morte do herói Maximus (Russell Crowe) pelas mãos de seu tio (Joaquin Phoenix), Lucius (Paul Mescal) enfrenta um novo desafio: forçado a entrar no Coliseu, ele deve lutar pela sobrevivência e pela honra de Roma. Depois de ter sua casa tomada pelos imperadores tirânicos que governam Roma com punho de ferro, Lucius precisa reencontrar a força e a coragem que o inspiraram na juventude. Admirador da jornada de Maximus, Lucius busca seguir seus passos para restaurar a glória perdida de Roma. Gladiador 2, é uma sequência direta do aclamado filme dirigido por Ridley Scott. Agora, Lucius luta não apenas pela sua vida, mas pelo futuro do império. Com o coração cheio de raiva e o destino de Roma em jogo, ele revisita seu passado em busca da força necessária para devolver ao povo a honra que um dia foi perdida.

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