Preservar as memórias da nossa cultura é a forma de fortalecer laços com nossos antepassados e se conectar com a terra natal onde nascemos. Moana, lançado oito anos atrás, trouxe uma temática poderosa sobre escolher nosso destino e não repetir os erros do passado porque eles não podem definir nosso presente. Além de retratar a cultura polinésia de forma respeitosa, após esse tempo recebemos o segundo longa, que possui altos e baixos.
“Moana 2” traz de volta a personagem em mais uma aventura em pleno oceano, e podemos dizer que a Disney transformou-a numa espécie de Simbad Polinésio. Por quê? Pois estamos sendo conduzidos para o surgimento de uma lenda nos mares, e sendo uma sequência, é desejo que se quer arriscar em novos conceitos e expandir a mitologia de seu universo.
Embora isso seja bonito no conceito, na prática, a execução do longa tropeça em meio às ondas para desenvolver tais ideias, ainda que seja uma continuação honesta que traz momentos emocionantes. Vale ressaltar também que originalmente o projeto seria uma série a ser lançada na Disney+, mas desistiram em prol de juntar tudo em um longa, e esse remendo fica visível em como a animação quer preparar terreno para futuras sequências.
O filme apresenta ideias novas e as deseja aprofundar, só que isso não é explorado devidamente, deixando tudo para um terceiro ou quarto filme, e faz isso reciclando elementos do anterior. Mas a animação está longe de ser considerada uma “continuação ruim”, só não é melhor que o primeiro, pelo menos é divertido e verdadeiro o suficiente para as plateias familiares.
Já que um dos maiores pontos fortes é justamente a sua protagonista, pois Moana foi chamada pelos ancestrais para realizar a tarefa de achar a Ilha que vai unir outras tribos, e desde a produção anterior ela foi retratada como uma princesa que possui esse espírito de aventureira, livre e com o desejo de descobrir o que tem no outro lado, e ela continua tendo essa personalidade indomável.
Aspectos do heroísmo clássico estão presentes nela, e a obra mostra como Moana amadureceu e pretende se sacrificar pelo bem de sua família e seu povo, e ouvimos isso na canção “Além” – aliás, é a melhor música da trilha sonora – que reforça suas dualidade de heroína e navegadora, e como dito antes, “Moana 2” apresenta e mescla ideias novas e batidas, novamente numa fórmula de aventura onde o protagonista vai em busca de um objetivo transformador. Não há problema nisso, contudo, isso fica subdesenvolvido pela expansão de sua mitologia que pouca trabalhada pois ela é justamente segurada para o futuro a seguir.
E a presença do vilão Nalo, o deus das tempestades que escondeu a Ilha Motufetu dos humanos, serve para o longa traçar um paralelo entre a humanidade ter o seu direito de escolha e ir contra a vontade dos criadores, e nesse contexto, a jornada que conhecemos dos novos navegadores que vão acompanhá-la, que são carismáticos, e a dinâmica entre Moana e Maui continua ótima. Porém, quem tira proveito da narrativa é a vampira Matangi, além de ser charmosa e possuir uma presença forte na tela, ela participa de uma cena musical inventiva com Moana que é bastante empolgante. Apesar disso, Matangi tem pouca participação na trama e é jogada na reservada para a possível continuação
Nota do crítico:
Título: Moana 2
Duração: 1h40min
Gênero: Animação, Aventura, Família
Onde Assistir: Cinemas
Sinopse: Sequência da já clássica animação musical da Disney, Moana 2 acompanha o reencontro de Moana e Maui para uma nova aventura pelos mares. Passados três anos desde a última jornada marítima, um chamado de seus ancestrais leva a jovem polinésia Moana de volta para águas perigosas e distantes da Oceania com um grupo improvável de marinheiros. Com a ajuda também do semideus Maui, ela deve quebrar uma maldição terrível que um deus cruel e com sede de poder colocou sobre uma das ilhas de seu povo. Nessa grandiosa missão, Moana e sua equipe vão desbravar novos territórios e enfrentar velhos e novos inimigos, como monstros marítimos, feitiços e deuses do mal. Tudo isso em busca de reconectar sua nação e assegurar a paz dos oceanos.