CRÍTICA | WICKED

Com enorme entusiasmo, Wicked é uma representação espetacular de como a extravagância de um musical pode saltar dos palcos para a tela com sucesso, trazendo ares modernos ao estilo clássico de Hollywood

Uma adaptação que levou nada menos que vinte anos para acontecer, Wicked faz parte da cultura da Broadway de forma quase indissociável. Baseado no livro Wicked: The Life and Times of the Wicked Witch of the West, de Gregory Maguire, lançado em 1995, sua versão teatral chegou em 2003, sob a direção do experiente letrista e compositor Stephen Schwartz. Hoje, após inúmeras apresentações e turnês ao redor do mundo, a produção só fica atrás de O Rei Leão em bilheteria quando se trata de musicais. Desde então, o sucesso construído nos palcos alimentava o desejo de levar essa história para o cinema. Após anos no chamado “inferno de desenvolvimento”, a produção finalmente ganhou vida em 2020, com Jon M. Chu (Podres de Ricos) assumindo a direção. E ele não poderia ter sido mais feliz em entregar um resultado que é puro deleite.

A história é uma reimaginação da clássica obra de L. Frank Baum, O Mágico de Oz. Ela explora o relacionamento em um mundo mágico, mostrando como Elphaba Thropp (interpretada por Cynthia Erivo) se tornou a Bruxa Má do Oeste e sua inesperada conexão com Galinda Upland (Ariana Grande), futura Glinda, a Bruxa Boa do Norte. Contudo, paira uma sombra sobre esse mundo aparentemente tranquilo, governado pelo Mágico de Oz (Jeff Goldblum). Os animais estão sendo banidos da terra de Oz, um problema que antes não existia. Com a chegada do Príncipe Fiyero Tigelaar (Jonathan Bailey) à Universidade Shiz, a relação entre Elphaba e Galinda é profundamente transformada em meio a esses eventos misteriosos, sob o olhar atento de Madame Morrible (Michelle Yeoh).

Não nego: sou loucamente apaixonado por musicais. A concepção desse tipo de produção é particularmente meticulosa, dado o equilíbrio que precisa ser alcançado entre as performances musicais, os momentos dramáticos e os diálogos. Pode-se dizer que o gênero é uma celebração de sonhos realizados a cada cena. E, assim como nos palcos, Wicked no cinema voa alto, encantando com números musicais cheios de energia e coração, num espetáculo que pulsa com emoção, entregando atuações eletrizantes e coreografias cativantes.

Nada aqui soa superficial, ainda que existam diferenças entre a proposta teatral e esta nova adaptação para as telonas. Wicked: Parte I — sim, teremos o segundo ato daqui a um ano — captura o charme expansivo da obra original com absoluta ternura, seja na tensão dramática ou nas explosões de cores e emoção que tornam impossível não se encantar. Com atuações deslumbrantes, Cynthia Erivo e Ariana Grande ancoram a narrativa com carisma e exuberância, conduzindo essa jornada fantástica. Ambas não apenas conectam os eventos deste universo, mas também reafirmam a direção segura e criativa de Chu, que demonstra um domínio impressionante dos conceitos coreográficos e de ritmo, entregando diversão genuína e paixão palpável.

Ainda que eu estivesse cético em relação à divisão da obra, a decisão se mostrou acertada. Essa escolha permitiu que a narrativa se desenvolvesse de forma honesta, com o roteiro explorando até os elementos mais sutis para transformar momentos aparentemente simples em experiências únicas. Os recursos cinematográficos, por mais simples que possam parecer, servem aqui como ferramentas para proporcionar alegria genuína, provando que não há vitória maior do que envolver o público por completo, seja com um início promissor ou com um clímax impecavelmente ajustado.

Ao final, é quase inacreditável que o filme tenha sido concretizado e chegue até nós. Seja você fã ou não, é impossível não sentir empatia pela grandiosidade desta conquista técnica e emocional. Wicked é, sem dúvida, uma obra surpreendente e monumental.

Nota do crítico: 

Título: Wicked

Duração: 2h41min

Gênero: Fantasia, Comédia Musical

Onde Assistir: Cinema

Sinopse:

Baseado no musical homônimo da Broadway, Wicked é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba (Cynthia Erivo) é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.

 
 

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